domingo, 3 de abril de 2011

A privatização da Amazônia

O destino da biodiversidade amazônica

   Representantes de cerca de 190 países, inclusive o Brasil, estavam no Japão discutindo o futuro do planeta, então definiram um acordo com objetivos claros para preservar a biodiversidade mundial. O acordo recruta países no combate à extinção maciaça das espécies, estima-se que a taxa anual de desaparecimento das espécies esteja 100 vezes mais alta do que deveria ser se apenas a natureza estivesse agindo.

O ritmo de extinção deve ser reduzido pela metade até 2020, com o aumento das áreas terrestres protegidas para 17%, hoje são 12,5%, e áreas oceânicas para 10%, hoje é menos de 1%.
   
O acordo tem um motivo nobre e bom por si, mas também tem segundas intenções. Começa com o fato de que somos péssimos inventores de remédios. A maioria deles é feita pela descoberta de substâncias químicas encontradas na natureza, não são inventadas. Um levantamento de pesquisadores mostrou que 70% de todos os medicamentos introduzidos no mercado, nos últimos 25 anos, eram derivados naturais. A floresta fabrica drogas mais eficientes que nos.
 
 O clímax do debate fica aí: Estamos desmatando a biodiversidade, extinguindo as espécies, e os medicamentos que poderiam vir delas, antes que possamos descobri-las. Por isso o desespero em frear o ritmo de destruição. 

 A ciência catalogou poucas espécies de vida biológica, entre micróbios microorganismos, cerca de 10%, isto é pouco mais de 1 milhão das 10 milhões existentes. Ainda há muita pesquisa a fazer.
    
 É onde a Brasil entra. Com a maior fonte de biodiversidade do mundo, na floresta Amazônica, poderíamos fazer dinheiro explorando recursos de forma sustentável. Isso seria o fim da biopirataria – a transferência de recursos naturais de um país para que seja explorados e estudados em outro. Agora para usar recursos da Amazônia basta pagar royalties ao governo brasileiro. Basicamente um pré-sal no meio do mato, já que a indústria farmacêutica mundial fatura US$ 800 bilhões por ano.

Ainda não existe uma decisão sobre os valores dos royalties. Mas se ganhar 10% do ganho mundial, pagaria com folga o gasto anual do Bolsa Família (R$ 13 bilhões), falando modestamente, pois em cada campo de futebol de floresta amazônica existem mais espécies de arvores que na Europa toda.

Por fim o protocolo também obriga as multinacionais a ajudarem o país dono dos recursos em outras áreas, como a pesquisa científica. Mas o acordo ainda tem que ser assinado por mais de 100 países participantes e, após isso, ainda deve haver uma confirmação final. Só esperamos que a novela que se transformou o protocolo de Kyoto não se repita, pois demorou 8 anos entre as assinatura e a aprovação. Imagine quantas pessoas não poderiam ser salvas de doenças por medicamentos descobertos nesse tempo. Que não demore tanto dessa vez.

2 comentários:

  1. Nos livros das escolas americanas o territorio da amazônia não é tratada como área brasileira, mas sim como área internacional.

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  2. Todo esse debate que aconteceu no Japão foi ofuscado pelas eleições presidenciais aqui no Brasil. Os candidatos só falavam em aborto, pré-sal e esqueceram da importância que a amazônia tem para o país.

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